quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

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Buscam cinemas e teatros para conseguir um sorriso. Em cenas tristes, gargalham.
Só ali conseguem.
Assim é na cidade onde todos tem razão.

A correria, a grosseria, o mau humor. Tantas coisas para fazer e não fazem nada.
Segue tudo igual. Dia a dia.
Assim é na cidade da rotina.

Se dizem educados, evoluídos, antenados e preocupados.
Mas não pise no meu pé, não encoste em mim, não me dirija a palavra.
Assim é na cidade do umbigo.
 
Usam coisas caras, comem bem, esbanjam e se mostram. Pra quem?
Não para a pessoa ao lado, mas para uma tela. Na superfície tudo é lindo.
Assim é na cidade das baratas.

Se acham importantes, superiores. Mas vivem atrás das grades.
Presos em sua própria infelicidade.
Assim é na cidade do medo.
 
No meio de tanta gente, são só mais um. Mas não querem. Não aceitam.
Buscam desenfreadamente algo que não existe.

Agora eu entendo.

Assim é na cidade da desilusão.

Refletindo




Me pego mais uma vez pensando na vida.

Paro na sinaleira. Um carro ao lado. Rebaixado, som a todo volume.
Primeiro pensamento: "que ridículo, coitado"!

Um segundo depois me dou conta. Ele é muito mais feliz que eu.

Tá ali, curtindo sua música ruim, se achando o máximo, enquanto eu tô aqui, pensando no sentido da vida. Me dando conta do meu tamanho.

Essa coisa de ser normal deve ser legal. Toda essa bobajada humana me parece tão divertida.

Será que o sofrimento está diretamente relacionado ao fato de pensar?